SOBRE O CORREIO DO SERTÃO
Um Sonho. Uma Realidade. Uma História
Um Sonho:
Numa época longínqua e numa terra distante de tudo, existia um homem cuja abstinação era fundar um jornal. A cidade era muito pequena, a maioria dos habitantes analfabetos e tinha gente da família que era contra devido ao alto investimento, mas ele o idealizador que se chamava Honório de Souza Pereira, mesmo sabendo de todos os obstáculos continuou firme no seu intento, desfez de todos os bens que possuía e comprou o maquinário que veio da Alemanha.
Na época, era assim o meio de transporte: Da Alemanha até Salvador as máquinas vieram de navio; de Salvador a Queimadas de Senhor do Bonfim em trem de ferro e de lá para Morro do Chapéu, mais de 100 quilômetros, em lombo de animal. E, em 15 de julho de 1917, há exatos 100 anos atrás, Honório Pereira muito feliz saiu entregando ele mesmo de casa em casa a primeira edição do seu Correio do Sertão.
Uma Realidade:
O ideal de Honório Pereira foi se firmando onde o mesmo ficou na direção do seu jornal até 1946 e com seu falecimento, seu filho Adalberto Pereira assumiu até o ano de 1989 e, logo depois, o bisneto do fundador, Paulo Gabriel, ficou na direção de 1980 até 2010, passando a direção a seu filho Edson Vasconcelos que é o atual diretor e também bisneto do fundador, tornando-se uma realidade contínua, hereditária e familiar.
Desde o seu nascimento em 1917, o Correio do Sertão vem se dedicando à causa do povo, levando conhecimento e cultura aos diversos recantos da nossa Bahia e do Brasil e registrando as mudanças e transformações de Morro do Chapéu e região. A cada etapa de sua existência vencida com dedicação e sacrifício é assinalada uma vitória da cruzada que traçou. Embora bem diferente dos anos de seu nascimento as dificuldades estão presentes em 2020, mas o Correio do Sertão segue firme espelhado no ideal que tornou o sonho em realidade.
Não sabemos os rumos da imprensa jornalística a cada dia sufocada pelo rolo compressor das novas tecnologias da comunicação. O que não se deve é perder o rumo traçado pelo fundador expresso em 1935 quando o Correio do Sertão atingia sua maior idade. Disse Honório: O sertão precisa a todo custo de ter um público as suas reinvindicações. É, portanto, nesta finalidade, que o jornal se mantém e deve se manter, como um simples elemento de coadjuvação do sertanejo, atitude esta que o Correio do Sertão sempre teve em mira e tem executado, visando tão somente com o maior carinho e respeito, o desenvolvimento da causa a que ele pertence, a causa do sertão.
Uma História:
A história do Correio do Sertão está assinalada nas suas páginas. Ao mesmo tempo em que registra fatos é também personagem da sua própria história.
Desde o surgimento o jornal noticia fatos, descontrai, informa e tem ao longo da sua história viajada por todo o Brasil. É um bem representativo da atividade cultural de Morro do Chapéu e região, além de uma importante fonte de pesquisa. Transformou a cidade que lhe serviu de berço em uma referência entre as cidades da região não só pelas tradições de Morro do Chapéu, na sua arquitetura, fauna, flora e clima, como também pelo seu patrimônio cultural que transcende os limites do município nas páginas do seu impresso.
Na sua longa caminhada de um jornal do interior, numa época bem distante dos meios de comunicação de hoje, nos impressiona pela sua história de coragem, idealismo, abnegação, sacrifício e, sobretudo pela perseverança. Quantos jornais tiveram que deixar de circular, abatidos por diversos fatores, o drama do papel caro, impressão, estimulo, mil e uma dificuldades que é mister superar para fazer um pequeno jornal. Aqui na Bahia, um grande exemplo desta constatação, pois, das centenas de jornais que existiam no interior do estado, só ficou o CORREIO do SERTÃO, de 1917(em Morro do Chapéu).
Senhores, cada jornalzinho humilde que desaparece tragado pelas necessidades é uma luz que se apaga dentro de uma grande noite. Conhecemos de perto o que significa de esforço e de abnegação a vida de um jornal do interior. Com toda minha simplicidade vos falo: Cada valente jornalista que se bate para manter o seu jornal é um homem devotado ao bem dos outros. O historiado Correio do Sertão escrita na sua caminhada dos seus 103 anos retrata em grande parte a história de Morro do Chapéu e de toda a nossa região guardada e conservada nos arquivos desde o primeiro número em 1917 até os dias de hoje, como também a máquina impressora e toda parte gráfica datada de 1917, transformada em um Museu.