Mulher é resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão
Casos de exploração de pessoas submetidas a condições de trabalho análogas à escravidão ainda são registrados no Brasil 134 anos após a abolição da escravatura.
Uma mulher, de 86 anos, foi resgatada depois de trabalhar para uma mesma família há 72 anos. Nascida em Vassouras, no Centro-Sul do estado do Rio de Janeiro, a senhora trabalhou para a mesma família desde os 12 anos de idade, por três gerações.
Ela prestou serviço todos os dias, sem oportunidade de estudo, férias ou salário. Atualmente, com a idade avançada, continuava exercendo as funções domésticas como limpar, passar roupa, fazer comida e cuidar da casa.
Segundo informações do Ministério Público do Trabalho (MPT), o caso foi considerado a exploração mais longa de uma pessoa em situação de escravidão contemporânea no país, desde que o Brasil criou um sistema de fiscalização para enfrentar esse tipo de crime, em maio de 1995. De acordo com o órgão, nos últimos 27 anos, 58.166 pessoas foram resgatadas pelo poder público.
Combate ao trabalho escravo
Dados da Divisão para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) apontam que esse é o primeiro resgate neste ano, porém é o oitavo desde janeiro do ano de 2021, somente no Rio de Janeiro. Desde 2017, no Brasil, foram registrados 64 casos de trabalho escravo doméstico, sendo 31 no ano passado.
Das 1.930 pessoas em situação de escravidão resgatadas no país em 2021, 27 vítimas estavam no serviço doméstico. Em 2020, haviam sido apenas três.
Desde 1940, o trabalho escravo se tornou crime no país. Quatro elementos podem definir escravidão contemporânea:
- trabalho forçado: que envolve cerceamento do direito de ir e vir
- servidão por dívida: um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas
- condições degradantes: trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde
- jornada exaustiva: levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco a saúde e vida
Fonte: CNN Brasil