A morrense Márcia Costa, está construindo casa com pedras do caminho

FOTO: Montagem do JC

O texto abaixo relatando essa história da nossa amiga morrense Márcia Costa, a qual sempre foi admiradora e defensora da natureza e belezas de nossa Morro do Chapéu, foi extraído do Jornal da Chapada com informações de texto base do UOL.

A lavradora Márcia Costa, 56, está construindo sua casa com pedras do caminho em Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina. O vídeo mostrando a sua construção viralizou no TikTok e já alcança mais de 2,3 milhões de visualizações, além de mais de 350 mil comentários elogiando a iniciativa e a construção. De acordo com Márcia, o sonho de sua casa própria está próximo em razão das características geológicas de onde vive, que é repleta de pedras de todos os tipos, cores e também tamanhos.

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“Sempre achei lindas aquelas casas da Europa que eles fazem com pedras, sabe? Eu amo a natureza, e essa é uma forma de construir que não agride o meio ambiente. Daí comecei a sonhar com uma dessas para mim”, informa. Atualmente ela é conhecida como “Mulher das Pedras”. A lavradora reside em uma casa humilde, erguida há 50 anos com adobe (tijolos feitos com terra crua, água e palha), nas terras pertencentes a um irmão.

Em troca das terras, ela cuida das plantações de alimentos orgânicos, das galinhas e das 12 cabeças de gado que o irmão, que hoje mora em Salvador com a mulher e as filhas, mantém no local. É com o leite das vacas que ela faz o famoso requeijão, que vende para os vizinhos como forma de completar a renda. “O povo adora”, conta. Com a permissão do irmão, ela explora o comércio dos alimentos, produzidos em escala pequena.

Logo, tirando os gastos com os alimentos dos animais e o pagamento de um ajudante que a auxilia nas tarefas do cotidiano, ela junta por mês R$200. Márcia também recebe R$600 por mês da sua irmã mais nova, Maria Cleide, 50 anos, que atualmente vive em São Paulo.

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Casa em construção
A proposta da construção de uma casa com as pedras partiu dela para a irmã caçula, Maria. Logo, Maria Cleide arcaria com os recursos e ela com a mão de obra. “Se eu tivesse que comprar, sairia mais caro do que tijolo ou bloco. Mas, aqui, elas estão por toda a parte, eu as encontro na estrada, no mato… E são de graça. Então eu comecei a colocar o sonho em prática”, explica.

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Há quatro anos que Márcia coleta e empilha as pedras encontradas pelos caminhos. A construção iniciou em 2017, de acordo com um projeto que ela mesmo elaborou em um terreno vizinho à fazenda, comprado com a ajuda da irmã. Foram 13 viagens feitas de um caminhão para levar as pedras da fazenda do irmão até o terreno. Além disso, a argamassa já consumiu três caçambas de areia e 200 sacos de cimento.

Para a fundação e as colunas de sustentação, precisaram de um pedreiro. Em seguida, com a ajuda de um amigo, ela passou a erguer as paredes, encaixando as pedras com argamassa, uma a uma. “Encaixar as pedras para fazer a parede dá bastante trabalho, é como montar um quebra-cabeças. Com a diferença de que as pedras são muito pesadas. Então logo a gente se cansa e tem que parar. Mas está ficando lindo. Acho que o gosto pela beleza nasce com a gente, é um dom que Deus nos dá”, descreve.

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Márcia não sabe dizer, com exatidão, o quanto já foi investido, visto que a irmã que entra com parte dos recursos, mas acredita que o gasto seria maior em caso de ter que comprar tijolos, blocos e ferragens. As únicas paredes são a da cozinha e a da sala. Além disso, ainda não deu para erguer os quartos nem fazer o telhado e o contrapiso. A lavradora já tentou entrar, no ano passado, com um pedido de aposentadoria para receber um novo salário mínimo como trabalhadora rural. Contudo, foi negado. Agora ela deu entrada novamente, mas ainda segue em análise.

“Tenho medo de que essa aposentadoria demore para ser aprovada, mesmo eu tendo documentos que comprovam o meu direito. Me disseram que eu não podia apresentá-los na agência do INSS por causa da pandemia”, afirma. Incentivada por amigos após o sucesso do vídeo no TikTok, ela criou uma vaquinha online. Mas não tinha ideia de como divulgar. “Se alguém puder ajudar na construção da nossa casinha, entre em contato comigo no perfil do Instagram (@marciacosta5716). Eu sei lidar melhor com essa rede, é mais fácil para mim. Enquanto isso, vou vivendo do jeito que dá”. 

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