Automedicação: riscos reais de “tomar um remedinho” por conta própria

Dor de cabeça? Toma um analgésico. Febrezinha? Tem um antibiótico guardado. A criança tossiu? “Dá aquele xarope que funcionou da outra vez”. A cena é comum em lares brasileiros — e perigosa. A automedicação, embora culturalmente enraizada, é uma das principais causas de intoxicações, reações adversas e mascaramento de doenças no país.
Segundo a Anvisa, cerca de 77% da população brasileira se automedica regularmente, e os medicamentos estão entre os produtos mais frequentemente responsáveis por intoxicações atendidas em serviços de emergência.
“Muita gente associa remédio a solução imediata, esquecendo que todo medicamento tem efeito colateral, interações e contraindicações. O que funciona para um pode ser perigoso para outro” Diana Serra,médica
Você sabe o que é automedicação?
É o uso de medicamentos sem orientação ou prescrição médica — seja por conta própria, com indicação de familiares, amigos, balconistas ou baseando-se em experiências anteriores.
Essa prática inclui desde analgésicos e anti-inflamatórios até antibióticos, calmantes e medicamentos controlados.
Riscos reais da automedicação
1. Intoxicações e efeitos colaterais graves
• Superdosagem acidental (ex.: duplicar medicamentos com o mesmo princípio ativo).
• Danos ao fígado e rins por uso prolongado de analgésicos e anti-inflamatórios.
• Reações alérgicas inesperadas.
2. Interações medicamentosas perigosas
• Misturar remédios pode alterar efeitos, potencializar toxicidade ou anular tratamentos.
• Exemplo: anti-inflamatórios podem reduzir a eficácia de anti-hipertensivos, elevando a pressão arterial.
3. Mascaramento de sintomas importantes
• Analgésicos e antitérmicos podem “esconder” sinais de infecção grave ou apendicite, atrasando o diagnóstico.
• Tosse tratada com xarope errado pode camuflar problemas pulmonares sérios.
4. Uso indevido de antibióticos
• Tomar antibióticos sem prescrição favorece resistência bacteriana, tornando infecções futuras mais difíceis de tratar.
• Interromper o tratamento antes da hora contribui para o mesmo problema.
Crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis
• Crianças têm metabolismo diferente, e pequenas doses podem ser perigosas. Erros comuns envolvem xaropes e gotas.
• Idosos costumam usar múltiplos medicamentos, aumentando o risco de interações e efeitos colaterais.
“Na pediatria, vemos muitos casos de intoxicação por erro na dose — especialmente em medicamentos líquidos. A colher de sopa não é medida padrão”, destaca a Dra. Diana.
O que fazer em caso de reação adversa ou intoxicação
1. Interrompa imediatamente o uso do medicamento.
2. Não provoque vômito, a não ser que orientado por um profissional de saúde.
3. Anote o nome e a dose ingerida, além do horário.
4. Leve a embalagem ao atendimento médico — isso agiliza o diagnóstico.
5. Acione imediatamente o serviço de emergência, especialmente se houver dificuldade para respirar, sonolência extrema ou convulsões.
“Remédio vencido também é risco”
Medicamentos vencidos podem perder eficácia ou se decompor em substâncias tóxicas.
Descarte-os corretamente em farmácias ou postos de coleta. Nunca jogue no lixo comum ou no vaso sanitário.
Checklist para uso seguro de medicamentos em casa
✔️ Mantenha todos os medicamentos em armário trancado e fora do alcance de crianças.
✔️ Não armazene antibióticos “sobrando” para uso futuro.
✔️ Leia sempre a bula e verifique data de validade.
✔️ Não repita receitas antigas sem reavaliação médica.
✔️ Meça doses líquidas com seringas ou dosadores específicos.
✔️ Não misture medicamentos sem orientação profissional.
✔️ Em caso de dúvida, ligue para o médico ou serviço de saúde, não para o vizinho.
Contatos de emergência
• Associado Vitalmed: 2202-8888 | 3450-8888
• Associe-se à Vitalmed: 2202-8686
• SAMU: 192
• Corpo de Bombeiros: 193
Os verdadeiros aliados da saúde familiar
A automedicação parece prática e inofensiva, mas esconde riscos sérios. A informação e o acompanhamento médico são os verdadeiros aliados da saúde familiar.
“Remédio é coisa séria. Usado corretamente, salva vidas. Usado sem orientação, pode tirá-las”, conclui a Dra. Diana Serra.
Fonte: Correio

