Bahia produz insumo sustentável que pode reduzir dependência de fertilizantes

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia acendeu as discussões sobre a dependência brasileira de fertilizantes. Um dos produtos que podem ser utilizados para diminuir a importação de fertilizantes, em grandes quantidades, são os remineralizadores de solo. A técnica consiste em aplicar ao solo rochas moídas compostas por minerais que contribuem para a melhoria da fertilidade do solo, possibilitando seu rejuvenescimento. 

Atualmente, 25 produtos desta categoria estão registrados no país, dentre eles o Vulcano – primeiro remineralizador do norte-nordeste com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com composição típica de rochas silicáticas basálticas, a matéria-prima do produto vem de mina própria, situada em Salvador-BA, próxima ao Terminal Portuário de Cotegipe.

Indicado para todos os tipos de cultura e solos, o remineralizador é um produto natural e sustentável, menos agressivo ao meio ambiente e que não contamina rios e lençóis freáticos. “Acreditamos que através da revitalização dos solos, com técnicas de manejo sustentável e de baixo impacto ambiental, eles se tornarão mais férteis e mais produtivos, ajudando a aumentar a produção de alimentos mais saudáveis”, relata o sócio-fundador da Vulcano, Vitor Almeida. 

A sustentabilidade dos remineralizadores é uma das vantagens da prática, que deve crescer ainda mais nos próximos anos. Pesquisas com este tipo de material apontam que a técnica gera resultados a médio e longo prazo. A remineralização aumenta a eficiência na absorção dos fertilizantes, o que leva à redução gradativa do seu uso ao longo dos ciclos. Além disso, a prática reduz o consumo de água nas plantações por gerar plantas com sistema radicular (responsável pela conexão entre as plantas com o solo) mais eficientes.

A técnica é uma das opções do Plano Nacional de Fertilizantes 2050, lançado em 11 de março, e que prevê a utilização dos remineralizadores como uma das opções para reduzir a dependência nacional dos fertilizantes. De acordo o Plano, “a cadeia emergente dos remineralizadores (REM) constitui-se em uma oportunidade de o Brasil diminuir a dependência externa de aquisição de fertilizantes, uma vez que potencializa a eficiência de uso de nutrientes e a melhoria dos solos agrícolas”. 

Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, o incentivo à pesquisa de soluções que diminuam a dependência dos fertilizantes estrangeiros são sempre bem vindos. Investimentos como os que estão sendo feitos pela CBPM, na produção de fosfato, por exemplo, são de grande importância para a ampliação da produção de fertilizantes, e também outras técnicas que possam substituí-los. “Essa dependência brasileira é inadmissível e insustentável e precisamos reverter essa situação investindo políticas públicas – de médio e longo prazo – eficientes, em pesquisa, em tecnologia e aproveitando de forma sustentável a nossa diversidade mineral”, pontuou Tramm.

Na Bahia, por exemplo, estudos de realizados pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil), no projeto da Agrominerais da Região de Irecê- Jaguarari-BA, constatou a presença de potássio e outros multinutrientes indicados para a remineralização de solo, na região e Campo Formoso e Pindobaçu, situado no centro-norte baiano. No entanto, são necessárias pesquisas complementares para verificar a viabilidade mercadológica e técnica sobre os possíveis locais e culturas que poderiam ser beneficiadas.       

Este conteúdo tem apoio institucional da CBPM e WWI e oferecimento da Mineração Caraíba.

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